10 estratégias que aprendi para controlar minha ansiedade.

Não é novidadade que a ansiedade e a depressão são os novos vírus químico emocionais da nossa sociedade atualmente. Parece que nascer já é o suficiente para começar a travar uma guerra contra essas mazelas.


Decidi escrever sobre esse assunto porque nos últimos dias vi vários posts de amigas/conhecidas falando abertamente sobre como estão superando uma depressão, crises de ansiedade, etc… falando sobre suas realidades internas, mais além do bonitinho e do perfeito que é mostrado por Instagram. A vida com muito filtro já não tem sentido pra muita gente, e isso é uma boa notícia.


No meu caminho sempre acabo cruzando com pessoas que mesmo sem saber, me inspiram e me reafirmam, seja de longe ou de perto. Hoje decidi usar meu momento de ócio criativo do dia para escrever essa pequena grande reflexão sobre a ansiedade & eu, inspirada nessas pessoas que veem valor em compartilhar essas conquistas internas e pessoais que muitas vezes ajudam a outros, sem nem mesmo a gente saber.


Conversando e intercambiando experiências com uma nova amiga (uma dessas pessoas que tenho a sorte de citar como inspiração), contei para ela minha história de vida, estávamos nos conhecendo. Enfim... filha de mãe "solteira", abandono paterno, lutas, relacionamentos abusivos, preconceitos, carências e, principalmente, superação. Quase sempre quando as pessoas conhecem essa parte da minha história elas abrem a boca e dizem “nossa, mas você é muito equilibrada para ter passado por tudo isso e hoje ser assim!”. Ah, como escutei isso ao longo dos anos! Que bom escutar isso, que bom que as pessoas me veem assim, como alguém feliz, de bem com a vida, equilibrada e focada.


Boa parte do tempo sou essa pessoa sim, sorrisão, bom humor mesmo num dia chuvoso e cinza, parceira, feliz com um prato de arroz e feijão, feliz com a vitória dos outros. O que muitas vezes as pessoas que estão mais de longe não veem é a Andréia que tem mini taquicardias, que estoura fácil, que fica ansiosa em organizar uma ida ao aerporto às 4 da manhã, que se preocupa pela segurança sua e dos seres amados mais do que o normal, que imagina situações irreais tentando se proteger de ameaças que nem existem… uma Andréia que quer planejar o futuro nos mínimos detalhes, meio brincando de ‘Deus’, uma Andréia que se sente bem ao sentir que tem controle de todas as variáveis da sua vida. Entre pensamentos extremamente negativos e alguns vários ataques de ansiedade, encontro nesses hábitos uma forma de evitar que as crises venham ou de controlá-las.


Essa é a minha ansiedade. Ansiedade que paraliza. Que me faz procastinar, mesmo eu sendo tão acelerada. Ansiedade que me faz ser impulsiva, pelo medo do incerto, da perda de controle. Ansiedade que faz o meu coração dar pulos mesmo quando estou deitada na minha cama. Ansiedade ao escutar uma notificação de mensagem, ao escutar uma chamada no telefone.


Com o passar do tempo comecei a observar meu comportamento e buscar alternativas para cuidar de mim e acalmar meu coração acelerado. Não, ninguém me ensinou ou me disse, “faz isso, faz aquilo”. Foi na marra, no desespero e na intuição, sempre pensando na sabedoria da minha vó que foi a pessoa que mais quis meu bem nessa vida. Ligando meu pensamento ao dela acho que consegui me dar o direito de perseguir meu bem estar acima de tudo.


E essas foram as estratégias que encontrei para diminuir minha ansiedade e viver com uma qualidade de vida que hoje eu faço de tudo para respeitar e preservar.
1. Gastar meu tempo e meu dinheiro com o meu bem estar. Ninguém aqui ficou milionário ou pode esbanjar. Mas a verdade é que todos podemos comprar um incenso, desligar a tv, fechar as cortinas e ter uma meia hora de relaxamento, de solidão, de só prestar atenção em você. Quando dá, cortar o dinheiro de uma saída no fim de semana para uma boa massagem ou sessão de reiki, reflexologia… qualquer terapia alternativa que te chame mais a atenção. Eu me dei o direito e nunca mais consegui parar. Sou eu como minha prioridade, é sagrado, é efetivo.
2. Música e mantras. Sou e sempre fui uma pessoa musical, filha da dança. A música me move todos os dias, desde as horas da manhã, durante as tarefas do dia e antes de dormir. A música dita muito minha vibração, por isso cuido tanto do que escuto e do que vejo, considerando que sou uma pessoa super sensível. Já os mantras… os mantras elevam a vibração do nosso cérebro, nos provocam um bem estar imediato e diminuem rapidamente a ansiedade de certos momentos. Como concluí com uma amiga, termina sendo uma espécie de vício e você sente a necessidade de escutar todos os dias. Eu escuto todos os dias e tenho eles aí na minha playlist no Spotify.
3. Yoga a qualquer momento, em qualquer lugar. Essa estratégia eu estou adicionando a minha lista, 9 meses depois de ter publiacado esse texto. Hoje vejo que eu já não sou eu sem a prática da yoga. Muito relacionada aos mantras e a meditação, a yoga é pra mim um remédio que preciso tomar várias vezes por semana. Quando não tomo, algo sai do prumo. E pra não me esconder atrás de desculpas, eu pratico em casa mesmo. Tenho meu mat e o youtube à disposição. A yoga é a minha meditação do corpo e da mente, momento de me observar, me sentir, me superar. Já tive mini crises de ansiedade durante a yoga (pasmem!), justamente porque estava tocando lá no fundo das feridas através da prática. Nem sempre é fácil, mas como diz uma amiga, "os dias em que você não tem vontade de praticar, são os dias que você mais precisa". Dica: um dos melhores canais de yoga para todas as pessoas, todos os níveis, é o canal da Pri Leite. Recomendo muitíssimo começar com a série de 21 dias de transformação. Ela é ótima, a personificação do propósito da yoga!
4. Me celebrar. Eu celebro meu tempo comigo e com os outros, mas especialmente falando de mim, comecei a entender como são valiosos os momentos de estar sozinha, cada oportunidade de me fazer feliz. Busco concretizar isso me dando o direito de cozinhar aquela receita gostosa que tanto me dá prazer, de ir tomar aquele sorvete que me deixa feliz, fazer um café filtrado do jeito que gosto e saboreá-lo com calma olhando o verde ao redor da minha janela, tomar uma taça de vinho na janta, andar por ruas não usuais para mim e ‘me passear’ por aí, comprar aquele vestido que me faz feliz toda vez que eu uso. Esse hábito vai muito na linha do dolce far niente, a importância de não fazer nada às vezes, o que em um mundo capitalista pode até ser visto como rebeldia. Buscar esses espaços no dia a dia virou um hábito e já não consigo deixar isso pra trás. Eu sou importante para mim, antes de ser importante para qualquer pessoa. Quem passou por situações de abandono sabe o difícil que é chegar até aí… na construção (lenta) do amor próprio.
5. Comer devagar. Sentar à mesa, organizar talheres, guardanapo, tudo no seu devido lugar. Seguir esse protocolo é fundamental para se obrigar a parar, respirar, comer e digerir. A gente não se dá conta de cara mas isso gera um bem estar de dentro pra fora que ajuda contra a ansiedade cotidiana. Nutrir o corpo de forma consciente, um desafio diário.
6. Limpar e organizar. Sempre fui assim, desde criança. Sempre gostei do processo de organizar armários, gavetas… de criar novas lógicas para otimizar as funções das coisas. No começo a gente provoca um caos que ao final, termina numa nova ordem, num bem estar de ver que você começou e terminou algo, algo para o seu bem estar, algo para equilibrar seu espaço e ambiente. Isso produz bastante calma no final do processo. Viver em um ambiente bagunçado e sem lógica aumenta e muito a ansiedade!
7. Minimalismo. Menos é mais. Menos você possui menos complexa sua rotina é. O acúmulo de objetos reflete um vazio interno. Doar, vender, jogar fora… é libertador! Experimenta. Eu ainda estou começando a levar esse processo mais a sério.
8. Um cachorro. No meu caso uma! Eu literalmente poderia escrever um livro aqui sobre como minha cachorrinha mudou minha vida para muito melhor, mas vou resumir em uma coisa: ela me traz para o momento presente. Me faz rir, me faz sair e me faz brincar. Sou a responsável pelo bem estar dela, pela água e pela comida. Adiciona também muuuuita brincadeira, porque o universo me mandou uma cadelinha hiperativa! Não tem outra, sou só eu, sou obrigada. E esse cuidar, essa atenção, me fez uma pessoa mais focada no presente. Às vezes de manhã ou antes de dormir ela fica uns minutos na minha cama e me olha profundamente nos olhos, em um nível de complicidade e pureza que cura qualquer doença. E a ansiedade… até esqueço dela.
9. Relacionamentos inspiradores. Cliché mas é verdade. Busco sempre estar rodeada de pessoas que me inspiram ser melhor, de histórias de superação, de carinho e de cuidado mútuos. Amizades, relacionamentos saudáveis, vida profissional… em todos os âmbitos estar rodeada de pessoas incríveis me cura. Uma observação: filtre quem você segue nas redes sociais. Elas podem servir como um portal de inspiração maravilhoso ou como um canal de baixa vibração na sua cabeçinha cheia de inseguranças.
Por último, mas não menos importante, 10. distância! Entendi a duras penas que a distância é uma das poucas soluções para aqueles problemas que parecem ter raízes imensas na nossa vida. Distanciar-se da família, cortar as relações tóxicas (MUITO IMPORANTE!), sair da sua zona de conforto — que muitas vezes é de desconforto, afastar-se da sua cultura, de tudo aquilo que é conhecido. Aprender que você não poderá controlar a tudo e a todos em um novo lugar, que tudo fica relativizado de longe, poder se dar a oportunidade de conhecer quem você realmente é, longe de tudo e de todos. Thank God for distance!


Essas são as estratégias que serviram para mim, mas também podem servir para você. O fundamental é buscar a transformação de hábitos, mantendo sempre cabeça e coração abertos para receber com sabedoria todas as mudanças que o universo nos presenteia. O caminho da evolução sempre doi, mas é incrívelmente único e prazeroso quando estamos despertos e curtindo a paisagem.



Andréia Simas

01 Maio 2019
*atualizado em 27 Fevereiro 2020




















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