E como encontrá-la se você é um Millennial
Se sua criança interior não consegue mais se manifestar em você é porque algo no seu entorno a está sufocando. Isso significa que existe um obstáculo entre você e a sua genuína felicidade.
O processo de amadurecimento é algo bastante doloroso, nebuloso… já não se sabe sabe quem é, o que quer, quem serve e quem não serve. O que te encaixa ou te faz desencaixar… Aqui eu não falo somente de amadurecimento de idade, social ou profissional. Falo principalmente do amadurecimento espiritual, esse sim, leva tempo, leva ciclos, leva tudo o que vê pela frente…
Uma vez iniciado o processo de amadurecimento espiritual (normalmente depois de algum evento importante que nos faz despertar), nos tornamos mais voláteis em relação ao entorno. São pequenas coisas, detalhes e momentos que têm o poder de te levar de volta pro teu Eu. A sabedoria de aproveitar com intesidade e intenção os momentos nos ajuda a avançar mais rapidamente nesse processo.
Em pleno auge da geração Millennial (da qual faço parte), tentar aplicar teorias não é algo fácil por uma simples razão, essa geração não consegue manter o foco por muito tempo em orientações teóricas, em ensinamentos, em conhecimentos.
Os Millennials são aqueles que têm toda a informação do mundo, à toda hora, em qualquer lugar na palma da mão. O nosso grande problema é que, na hora H, quando a vida te cobra, muitas vezes não temos um conhecimento sólido capaz de fazer a diferença no mundo profissional, afetivo e em meio aos nossos dilemas existenciais (que são muitos).
Os Millennials também são aqueles que em geral não cultivam raízes em nenhum lugar, são aqueles que sonham muito , mas realizam pouco… são também os que vivem a vida sem planos e sem receitas, mas não fazem nada sem antes consultar um tutorial do YouTube.
Eu faço parte dessa galera, essa geração que não pára quieta, que quer experimentar sempre mais, viver mais, postar mais, se informar mais… mas que no fim, está fazendo tudo menos.
Eu tenho muito de tudo isso, de todos esses comportamentos. Esse mar de super informação me arrasta e as vezes me joga numa praia lá longe. Tenho que levantar e voltar. Felizmente, —acredito eu — minha alma ‘de velha’ não me deixa desapegar de uns bons conselhos, de uma boa troca de perspectivas, de pedir para minha mãe me ensinar a fazer feijão ao invés de me deixar 'ensinar' por um vídeo aleatório do YouTube.
Eu acredito em uma vida baseada em planos, em projetos, em conselhos de mãe e de avó. Ouço muito meu avô, porque acredito que alguém que saiu da pobreza e nos deu todas as oportunidades, é alguém que sabe das coisas.
Eu faço cronogramas que vão pra lá de 2025, faço planilhas de gastos e projeções de poupanças. Nem sempre elas dão certo, as vezes eu tenho que apagar e concertar aqui e ali. Mas elas me dão paz, me dão a segurança de que o mestre dos meus dias e do meu futuro não é ninguém além de mim mesma. Procuro não ficar só no ‘share’ de grandes ideias, só nos comentários virtuais ou visualizando stories de pessoas que não conheço. Procuro dentro do possível agir e viver essas ideias, ao menos um pouquinho, pra experimentar o gosto da realidade e me conhecer melhor, sair um pouco dessa virtualidade viral.
Liberdade é essencial para qualquer ser humano, mas viver como se não houvesse amanhã por parecer tentador, mas é uma decisão falha. O amanhã vai chegar, lhes garanto com toda a precisão do universo… e do jeito que a coisa vai, ninguém aqui vai se aposentar não! ‘risos’
Falando em decisão, ao meu ver, esse é o ponto chave do desequilíbrio de nós, Millennials.
Acabo de ler um texto de Benjamin P. Hardy que falava que a força de vontade não te ajuda a realizar planos ou superar vícios. Que pelo contrário, ela vai te fazer sucumbir cada vez mais intensamente, já que seu entorno te levará sempre ao fracasso. Moral da história contada por ele: há que remodelar sua vida, seu entorno, tudo o que for necessário para atingir sua meta, mas antes de começar a arrumar a casa, algo básico precisa ser feito. Tomar uma decisão. Ela mesma, a decisão. A partir do momento que você decide algo, não é necessário revisitar as razões ou os porquês. Você decidiu e pronto. Já pode começar a agir de acordo com essa decisão. Isso tem que fazer parte de você, de forma tão natural como tomar banho, comer ou dormir. Viver em razão dessa decisão já é parte do seu Eu. Simples assim.
O que não é simples é justamente tomar decisões. No mundo dos ansiosos (somos maioria!) e dos que sofrem pra decidir que roupa vestir, que caminho tomar pra ir ao aeroporto, onde ir a comer, como responder uma mensagem. Pequenos sofrimentos desnecessários, mas reais.
Para nós Millenials a nuvem do excesso de informação, o excesso de conectividade com coisas e pessoas que na verdade não são essenciais na sua vida, a falta de habilidade em arriscar sem antes ser ‘tutoriado’, e o pior, a gigantesca distração que é ter seu smartphone, tablet, laptop, etc, na sua mão o tempo todo, te impede de encarar a vida como um todo. Te impede até certo ponto de conhecer (ou reconhecer) sua criança interior.
É ela, a criança interior, que pode te ajudar nessa tarefa tão árdua de tomar decisões.
Por quê?
Como a psicologia já diz, é na infância que estão muitos de nossos traumas e medos, assim como muitos de nossos talentos e desejos mais sinceros. Quando você consegue dissipar essa nuvem de informação tão densa à sua frente, sua visão melhora, fica mais fácil fazer o exercício de se reconectar consigo mesmo. Voltar-se para dentro é a única maneira de entender sua essência, de conhecer seu Eu, de começar esse processo de amadurecimento espiritual e por fim, poder tomar as decisões que a vida adulta de exige, sempre as harmonizando com o que a criança interior pede e deseja. Eu garanto que o sucesso chegará até você. Sucesso nesse caso, entende-se como a felicidade de ser você perante você mesmo, de brincar na vida sem sofrimento, de basear suas decisões naqueles desejos e talentos que nasceram com você. Esse chamado interior irá te levar para um único caminho, o da honestidade com você mesmo e o da felicidade genuína — não necessariamente material.
São pequenos os momentos que te despertam para ela, essa criança que está viva dentro de cada um de nós. Eu estou no meu processo de acordar e recordar dela. Eu diria que é um momento muito prazeroso e leve.
Como eu sei que isso funciona? Bom… o fato de as últimas páginas do meu caderno voltarem a acolher minha inspiração cotidiana, indica que a minha criança está aí, feliz e ativa. É ela quem ama escrever, é ela quem ama a vida dessa maneira única e genuína… não 'eu’. E por mais que eu às vezes esqueça, é com ela que eu quero compartilhar meu tempo, meus dias… até o último raio de vida.
Esse é o meu plano de vida, minha decisão principal. É assim que quero estar em 5 ou 50 anos, vivendo em prol de satisfazer minha criança interior, ou seja, sendo feliz, pura e simplesmente feliz.
Andréia Simas
30 maio 2017
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