Sobre meus 27 anos, ambição e saúde mental.

Hoje escutando um podcast da Obvious sobre mulheres e ambição escutei algo que me fez pausar e repetir: "precisamos saber qual é a nossa história para entender qual é o sentido da nossa existência, só assim vamos saber quais são nossos propósitos e o nosso valor".

Bah!

Pra pensar mesmo. Me tocou no fundo da alma essa frase, conectou minhas ideias e sentimentos e me deu uma sensação de lucidez por um momento, "não, não estou errada, buscar a verdade e reconhecer minha história vai me ajudar a encontrar meu valor, valeu a pena investir em autoconhecimento".

Re-conhecer. Aí está. Esse último ano foi INTENSO e finalmente tive a coragem de resignificar, revisitar e reconhecer muitas coisas sobre mim e minha história. Posso dizer que depois de um ano de processo forte meu principal desafio é o amor próprio e compreender qual é a minha identidade como indíviduo - sem necessariamente me caracterizar pela minha família, meu estudo, trabalho ou nacionalidade.

Sempre achei que sabia tudo sobre mim, que sabia exatamente quem eu era e pra onde eu ia. Até que veio uma onda - chamada vida adulta - e me revirou do avesso e sigue me dando um caldo atrás de caldo. Como dizia a protagonista de Girlboss "adulthood kills your dreams." Falando sério, não julgo... e em seguida seu pai pergunta, "mas afinal, quais são ou eram seus sonhos?"
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WE NEED TO TALK ABOUT OUR DREAMS! Voltar um pouco a fita e lembrar de quem a gente era enquanto criança, desprovidos de interesses e de preconceitos. É lá que eu preciso chegar para encorpar a minha identidade que vai me ajudar a então poder definir o meu valor - como pessoa e profissional, porque no mundo de hoje tá tudo relacionado. Nossas histórias são parte de nós em todas áreas da nossa vida - entender isso é o que eu chamo de empoderamento.

Ter sido capaz de  (re)conhecer a minha história é a minha maior conquista até hoje. Ter tido a coragem de enfrentar fanstasmas ancestrais e verdades duras de escutar é o meu maior orgulho.
Às vezes dizem que me vitimizo, porque trato com verdade a realidade que é dura e reconheço minhas feridas, falo sobre elas e peço ajuda quando preciso. Eu não vejo isso como um vitimismo ou fraqueza, exatamente o contrário, vejo como fortaleza, poder.

Mulheres ambiciosas têm que se bancar, precisamos saber ao pé da letra o discurso que dá sentido a nossa existência e aos nossos projetos, oferecer um bom pitch sobre aquilo o que nos faz únicas e porque temos o valor que temos. Os 27 anos enfim chegaram, tô mais perto dos 30, for real, man!

Que os 30 são os novos 20 todo mundo já sabe, mas ninguém vai carregar por mim as cobranças da vida adulta que exige cabelo hidratado, magreza, sucesso profissional e afetivo, viagens e dias de "não tenho tempo pra nada". Adiciona aí uma fixação pela academia (que do nada cai nas graças de todo mundo que se aproxima dos 30). A real é que não tem fórmula mágica, mas tá todo mundo sofrendo ou se comparando, ou se cobrando, ou se maltratando. Será que nossas ambições são realmente nossas ou elas vêm de fora?

Como manter a saúde mental com tanta cobrança, tanto boleto, tanta dor que nos causaram ao longo da vida e principalmente com tanta FRUSTRAÇÃO pelas várias vezes em que desistimos dos nossos sonhos pra se encaixar num escritório - que te dá status no LinkedIn e um pay check no fim do mês? Depois de várias crises de ansiedade eu digo que, estou em busca dessa resposta.

Pouco a pouco vou ganhando nesse jogo. Eu já assumi, nesses 27 anos, que calça jeans incomoda e às vezes não vai fechar e também já sei qual estilo de vida não se encaixa no tamanho dos meus sonhos.

A realidade chama, claro. Os boletos não se pagam com esse textinho que eu to escrevendo. Mas mesmo que eu tenha que deixar um pouco de lado o meu estilo de "empreender" a vida e voltar a sentar numa cadeira de 8am a 5pm, eu já sei onde quero estar, e é isso que importa. Quero estar lá fora, andando pelas ruas sem fronteiras, com liberdade de trabalhar da hora que eu quiser até a hora que for preciso. Liberdade de dormir até mais tarde quando estou cansada, de respeitar meus ciclos físicos e mentais. O caminho de dentro não tem volta. Uma vez você começa a se (re)conhecer, a sair com você mesma pela mão, ninguém mais te tira desse lugar. É casamento dos sérios, nem a morte separa.

Minha ambição pros meus 27 ainda está se fortalecendo, não tenho um plano bem definido como a Andréia de 18 anos esperava. Meu plano agora é não ter plano. É estar aqui e agora comigo, investindo em me conhecer melhor e me definir. Na hora que eu definir meu próximo plano, quando essa resposta chegar, meu filho, sai da frente. Uma mulher que sabe o seu valor e o propósito da sua existência não quer guerra com ninguém, não. Ela só vai querer ocupar o lugar dela pra não deixar morrer seus sonhos e para viver no presente da forma mais sexy e empoderada possível. Uma mulher de 27 já é mulher. Sim, já sou uma mulher, uma mulher ainda tentando acolher a minha menina carente e desprotegida.

Feliz aniversário para mim, menina-mulher.

Andréia Simas
22 02 2020



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