Meu estilo de vida, meu manifesto!


Fu3k the system!






Não, pera, tenho uns boletos aqui pra pagar!

POIS É. É difícil passar um dia sem que eu questione as formas de vida que a sociedade anônima nos ensinou nessa cartilha que todo mundo leu. Bebemos todos da mesma fonte, que chatice.

Dizem por aí que eu sinto demais.

Quem convive comigo sabe o nível de sensibilidade e profundidade que habita em mim. Meu ser não consegue aceitar um estilo de vida que não foi criado por mim, que não me satisfaz, que não me oferece a energia que necessito pra acordar cada dia e perseguir algo que faça sentido pra mim. Na era do taylor made não rola comprar um número que não seja o meu.
Considero a vida e o tempo sagrados demais para desperdiçar seguindo a cartilha que me mandaram ler. Outro dia escutei, "não é o tempo que passa, é a gente". Bah, tapão na cara. Tudo passa, até a gente! Não dá pra perder tempo mesmo.

Eu, por exemplo, deveria estar trabalhando agora, ou finalizando minha dissertação que está atrasada de novo... mas estou aqui, seguindo a minha inspiração, fazendo do meu estilo de vida o meu manifesto. E isso é parte do meu plano de "não perder tempo, mesmo."

Pra que eu possa fortalecer meus questionamentos e meu estilo de vida é fundamental me rodear de outras pessoas que também tem a coragem de fazer um manifesto. A Eliana Rigol é uma delas. E ela escreveu no blog dela uma vez que "o trabalho e o modo de ganhar a vida, nem sempre já existem." Nem sempre tá na famosa cartilha. "Como seria a tua job description ideal? Crie a vaga, a missão e dê o sentido." Crie a tua vaga, crie o teu propósito, seja a criadora da sua vida.
Why not?
Ah, e o que me inspirou hoje a questionar e escrever hoje? Nada de novo, apenas eu mesma.



Para muita gente pode parecer louco mas eu sou do tipo de pessoa que anota os sonhos, conecta os sinais aos sentimentos, que segue a intuição, que escuta a mente no silêncio, que respeita os impulsos naturais e que não tem medo de se mostrar vulnerável. E como sou vulnerável... tanto que a coragem de mostrar quem eu sou e como eu me sinto está fazendo de mim um ser humano bem mais forte. A natureza é tão frágil e potente ao mesmo tempo, não é?
Isso pode ser considerado sucesso? O autoconhecimento? Essa jornada tão dura e solitária que nos presenteia com algo tão único e maravilhoso, o poder de sermos nós mesmos. Se eu não fosse, eu estaria orgulhosa de mim. Mas não é bem assim. As pessoas que mais me importam estão noutro formato de vida, com outras prioridades. No radar delas não está o ato de se questionar muito, de entender porque fazem o que fazem. No radar delas eu estou lá bem longe, como uma ovelinha escurinha e perdida. É, tem gente que ousa dizer que eu estou perdida! Mal sabem que eu recém  estou me encontrando, me ativando.

Os dicionários servem pra alguma coisa, sim.

Gosto de buscar os significados das palavras, a epistemologia das coisas. Gosto desse rolê filosofia Grécia Antiga. E é engraçado pensar que todos esses caras (só homem que pensava antes né?!) hoje são estátuas peladonas nos museus da vida. Então outro dia fui buscar o que significava a palavra MANIFESTO. Aí vai:

manifesto

1. declaração trazida a público para fins diversos.
2. relação de bens para efeitos fiscais.
3. documento com a relação de mercadorias transportadas e que deve ser entregue na alfândega antes do descarregamento.
4. que não pode ser contestado, oculto ou dissimulado; claro, evidente, flagrante, inegável, notório, patente.
5. que pode ser percebido, que se revela por evidências, sintomas etc.



Que não pode ser escondido nem contestado, é evidente. Evidente em ações, evidente ao olhar e ao tocar, evidente e claro para todo mundo, então ninguém vai ousar contestar, te criticar. Acho que é isso que venho fazendo, pouco a pouco manifestando pra quem quiser ver o meu eu, meu estilo de vida.
É isso, tuas críticas não vão me afetar porque meu manifesto não pode ser escondido, diminuído, calado. Já reconheci firma e tudo no cartório. Tarde demais, benzinho.

Que delícia é viver com auto respeito, com tesão da vida, com sentido, com entusiasmo.

O estoicismo (uma escola de filosofia helenística fundada em Atenas no início do século III a.C.) ensina algo parecido, fala das emoções destrutivas do julgamento humano, diz que na verdade não temos certeza é de nada mesmo e que há virtude em manter uma vontade que esteja de acordo com a natureza. Basicamente o estoicismo apresenta sua filosofia não somente com teorias e discussões mas como um estilo de vida, no qual as pessoas se comportam de acordo com seus princípios. Tudo o que você precisa para viver uma boa vida pode ser alcançado a través da observação da natureza. Eu diria que observando a natureza e os seus próprios impulsos dá pra chegar lá eventually.

Para mim uma pessoa que vive de acordo com os seus princípios, que tem a coragem de acreditar em si e a ousadia de questionar o sistema, é uma pessoa que merece minha admiração. Pra mim sucesso é poder escolher a forma de vida, escolher em quê e como investir nosso tempo em harmonia com a nossa natureza individual. Nem sempre conseguimos nos liberar e seguir a nossa própria cartilha, mas pelo menos temos a obrigação de não acreditar em tudo, de saber quem é que nos escraviza e por quê. Os caras descobriram isso antes de Cristo, estamos em 2020, por favor, não decepcionemos a humanidade.

Meu estilo de vida, meu manifesto!

Existem muitas versões de mim mesma. Têm dias que acordo com vontade de sair de cara lavada e colocar meu tênis branco sem cadarço; têm outros que tenho vontade de usar todas as maquiagens que tenho e colocar um salto; têm dias que tenho certeza absoluta sobre o meu papel no mundo, que sei exatamente pra onde aponta meu GPS; e têm outros que parece que a internet caiu total e fico sem rumo.

Outro dia durante uma meditação (apoiada por um mantra que ajuda a concentrar) revisitei muitos momentos do meu passado que eu nem sabia que estavam latentes aí. Me vi dizendo que não, muitas vezes, dizendo que não, não quero! Pouco a pouco vou acessando o poder de dizer não pra tudo aquilo que eu não realmente não quero, algo tão difícil pra uma pessoa que sempre quer ver todo mundo feliz e agradar.

Com o amadurecimento vou tendo cada vez mais certeza de TUDO O QUE EU NÃO QUERO na minha vida, de como eu não quero viver. E também pouco a pouco vou acessando aquilo que eu quero, vou descobrindo onde estãos os meus SIMs e reconhecendo toda a coragem que preciso encontrar para dizer sim à mim mesma sempre que necessário.

A vida não vem com um manual. As pessoas e a sociedade até dizem por onde ir e o que fazer. E você vai e faz. Até que você descobre uma tremenda de uma insatisfação. Um mal estar, um incômodo, um desconforto. Até que chegam as crises de ansiedade, a saúde se afeta, você se sente doente. "Viver às vezes é mortal", como dizia Clarice.

É por isso que eu me manifesto, pra me curar, pra me acalmar, pra deixar bem claro pra mim e pra todos essa declaração que eu faço pra vida:

1. Respeito meus desejos mais profundos e meus limites mais tênues;
2. Honro meus ciclos emocionais e físicos, assim como a natureza tem os dela, eu tenho os meus, e nós somos uma. 
3. Persigo meus sonhos, acredito que aquilo que persiste vivo dentro de mim está aí por uma razão. 
4. Me conecto com a minha e mente e meu corpo, buscando SEMPRE escutá-los.
5. Pratico o bem e procuro não julgar tanto. 
6. Perdoo minhas falhas e as falhas alheias, somos humanos e não sabemos o que fazemos muitas vezes.
7. Curo minhas feridas e memórias, mas não esqueço delas nunca. 
8. Reconheço minha vulnerabilidade e a vulnerabilidade da vida. A perfeição e a imortalidade tiraria a graça de tudo.
9. Persigo minha felicidade diariamente e isso se reflete na minha entrega em viver o momento.
10. Liberto minhas crenças das crenças dos outros. Confio no meu critério e a opinião dos outros são deles.

Manifesto, dessa forma, essa espécie de cartilha própria, um mapa para desfrutar a jornada e não o destino. Um manifesto pra gritar pro mundo que do meu estilo de vida eu não abro mão.

"O resistente não precisa de coragem para se expandir, mas sim para se recolher  e assim poder resistir a dureza das condições exteriores; o resistente não quer dominar, nem colonizar, nem ter poder. O verdadeiro resistente quer, antes de tudo, não se perder de si mesmo, quer servir aos demais de uma maneira especial." (Josep Maria Esquirol).
Sobe no palanque e te manifesta before it's too late!


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