A minha caixinha de estrelas

Hoje de manhã achei uma pista que me reconectou com a minha essência. Ela tava caída no chão do hall do meu prédio. Pois é.

Vi uma estrelinha super pequena e dourada, caída no chão. Ela brilhou e por um segundo me teletransportei pra uns 23 anos atrás. Quase consigo tocar essa lembrança, é tão forte que vem acompanhada de cheiros, texturas e de uma fita cassete (sim, cassete) da Marisa Monte. 

Era a minha caixinha! Minha caixinha lotada de estrelas! Eram de diferentes tamanhos e cores, como eu amava cada uma delas!

                                    
                                         A estrela do chão - 2020



Eu fazia aula de ballet na Vera Bublitz perto de casa, em Porto Alegre. Era uma escola completamente rosa, com um cheiro muito particular que ainda vive na minha memória. Eu adorava chegar lá, acompanhada da vó mais amada do mundo (a minha!). Apesar da timidez e insegurança de uma menina de 4 anos que quase não convivia com crianças, só adultos, eu era feliz naquele lugar, me sentia segura vendo que minha anja da guarda tava lá comigo, me esperando e babando vendo as aulas pela janela. 

Era um momento difícil, eu acabava de voltar pra cidade onde nasci mas nunca tinha vivido. Era tudo novo. E esse era meu primeiro contato com a arte, com a essência daquilo que motivava a sorrir e dançar pela vida. 

Minha primeira professora de ballet ao final de cada aula distribuía estrelas pras alunas. O número variava de acordo ao bom comportamento e desempenho durante a aula. E, claramente, eu era a que mais ganhava estrelas (risos). 

Fui uma criança comportada, educada e sempre feliz. Minha essência sempre foi disciplinada, dedicada e feliz. E por mais que o medo e a insegurança que eu sentia fossem às vezes tão fortes, ao ponto de me fazer vomitar, eu sempre fui sensível à felicidade. Essa caixinha é a prova da minha disciplina e entrega absoluta à tudo aquilo que me faz vibrar. 

Coincidentemente ou não, ontem uma amiga, hermana de alma, compartilhou algo comigo que realmente me mexeu. O vídeo dizia que não importa o sofrimento que você passou ou os traumas que você ainda carrega, tudo isso está no seu cérebro, no seu corpo físico, nada disso afeta sua essência. Ela tá lá, intacta. 

A essência é essa sentelha de luz, divina e poderosa, capaz de aniquilar qualquer escuridão.

E ela tinha razão.

Hoje, essa estrelinha no chão me iluminou, ressoou fundo e despertou minha essência. Ela me fez viajar pra dentro pra que eu pudesse lembrar desse poder que é só meu e que me trouxe até aqui. 

A minha caixinha dos meus 4 anos está perdida, mas hoje me dei conta que carrego muitas outras comigo. Por onde eu vou meu caminho é norteado por essas almas luminosas e viajantes que me possibilitam esse tipo de experiências. 

Pra terminar o hoje, só desejo nunca mais esquecer que a minha caixinha continua aqui, e que ela está cheia, de nortes, de luz, de poder. Obrigada, querido acaso!

                                                                               1997          
                                           2009






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